Sobre MIM
 

Sou o filho mais novo de três irmãos. Nasci numa família de formação católica e agradeço a Deus por ele ter me guiado até aqui, para realizar a sua vontade. Sou filho de Protógenes Gabriel da Costa Coutinho e de Maria do Carmo Carvalho de Souza Coutinho. 
 

Sou formado em Comunicação Social - Radialismo e atualmente moro em Manaus. Nos dias 01 e 02 de cada mês encontro-me em Itapiranga, para dar o meu testemunho das manifestações de Nossa Senhora ocorridas a mim e a minha mãe, Maria do Carmo, desde o ano de 1994.
 

Ó Senhor, relato aqui as minhas experiências espirituais para que as almas vos amem cada vez mais: experiências e graças que eu recebi, durantes estes anos que eu tenho passado convosco, em suas manifestações celestiais, ocorridas a mim e à minha mãe. Espero relatar estas experiências com muita fidelidade, sem excluir ou acrescentar, para que muitos de vossos filhos possam se beneficiar das bênçãos do céu, encontrando a vossa luz e o vosso grande amor misericordioso que deseja ardentemente a nossa salvação. Que o Espírito Santo possa ser o meu Guia e Educador da minha alma, neste momento, e o meu Eterno Conselheiro e inspirador.

 

Senhor, enviai a vossa luz, enviai o vosso Espírito! (3x)
 

 

 

Minha vida

1. INFÂNCIA

Eu nasci no dia 27 de outubro de 1972. Minha mãe disse que eram às 16 horas, quando eu vim ao mundo. Ela me contava que eu tinha pressa em nascer, porque quase isso aconteceu dentro do táxi, quando a conduziam ao hospital Ana Nery, atualmente a Maternidade Balbina Mestrinho.

Quando eu era pequeno estudei na Escola Gonçalves Dias, escola que fica próximo de casa, praticamente na esquina da rua onde eu moro. Quando eu estava no pré-escolar e me encontrava na hora do recreio, brincando com os meus amigos, um deles me empurrou de encontro a uma das colunas do colégio. Essa coluna era de cimento toda cheia de pequeninas pontas, que mais pareciam pequenos espinhos. No momento em que esse meu amigo me empurrou, minha cabeça foi direto nessa coluna, e senti parte dela ser perfurado, por aquelas pequenas pontas, que a fizeram sangrar muito, deixando as professoras do colégio preocupadas. Imediatamente elas chamaram a minha mãe, que ficou muito chateada e triste, com o que tinha ocorrido comigo. Naquele tempo, eu não podia imaginar jamais como tinha sido o sofrimento de Jesus, quando ele fora coroado de espinhos, mas ali naquele momento, Jesus estava compartilhando um pouco desse seu sofrimento comigo e preparando o meu espírito para o futuro.

Recordo-me que um dia, acho que tinha uns sete ou oito anos, quando eu retornava do colégio e estava entrando pelo portão de casa, escutei uma voz, que me chamou pelo nome: Edson...Olhei para a direção de onde vinha essa voz e vi uma linda jovem trajando uma veste longa de um verde intenso. Era muito linda e a sua veste brilhava tanto, parecia que no verde dela, refletiam pequenas estrelas e em cima dos seus cabelos pretos tinha uma coroa dourada, como uma tiara, com pedras preciosas. Essa visão foi rápida!...Eu fiquei surpreso ao ver essa jovem, mas nunca tinha contado isso aos meus pais ou irmãos. Passou muitos dias e anos, e eu sempre me recordava aquilo que eu tinha visto. Essa visão ficou sempre no meu coração até agora. Esta foi a primeira vez que eu vi Nossa Senhora, que veio me visitar brevemente, quando eu era pequeno, preparando a minha alma para os sofrimentos, que eu deveria passar na minha jovem idade.

Os meus pais tinham o hábito, quando eu e meus irmãos éramos pequenos, vez por outra, aos domingos, de nos levar a algum balneário, quando meus tios ou amigos os convidavam para acompanhá-los. Num desses dias, quando eles foram convidados e nos levaram consigo, fomos a um lugar que se chamava Tarumã. Ali, estava num determinado lugar acompanhando a minha irmã Glayse pela beira do igarapé, que era raso, porque eu não sabia nadar. Glayse estava dentro da água na parte mais profunda. Mais à frente, caminhando e seguindo Glayse pela beira do Igarapé pisei num determinado lugar, pensando que era raso e afundei, entrando na água. Eu comecei a gritar, mas a água entrava mais ainda na minha boca e estava me afogando. Eu me lembro nitidamente desse dia. Vi que tudo estava ficando escuro e que a água estava já muito acima da minha cabeça e não enxergava mais o céu, somente um pouco do claro da luz do sol que se apagava lentamente.  E estava já perdendo a vida quando senti que alguém me puxou rapidamente com os seus braços e me tirou da água. Era Glayse que viu o que estava ocorrendo comigo e me salvou. Como toda criança que se preocupa com os pais, sem ver a gravidade do que tinha ocorrido, Glayse me disse que não contasse o que tinha ocorrido a eles, porque senão iriamos levar uma surra. Eu prometi que não contaria nada a eles e voltamos para o local onde nossos pais se encontravam com os outros nossos irmãos...A minha hora ainda não tinha chegado. Deus ainda me queria na terra, por isso não me levou naquele dia, porque faltava pouco.

Nessa idade, quando as pessoas adultas conversavam entre si e diziam que eu já estava grande, queriam colocar ideias errôneas na minha cabeça e rindo falavam que eu tinha uma namoradinha. Eu via a malícia e a maldade em seus olhos e sentia na minha alma uma repulsa; algo instintivamente, me fazia repudiar tudo isso, porque  sabia que Deus não gostava dessas conversas ditas às crianças. Eu me afastava logo dessas pessoas e não saia do meu quarto, enquanto elas não fossem embora de casa.

Certa vez, os meus tios convenceram os meus pais que fizessem um domingo animado em casa, que consistia em convidar os amigos para comerem, beberem e se divertirem. Os meus pais aceitaram e o que seria somente um domingo, depois, começou a acontecer de frequente em casa, quase todos os finais de semana. Os meus tios levavam todos os tipos de pessoas, que enchiam a nossa casa: pessoas estranhas que eu nunca tinha visto antes. Aqueles finais de semana pareciam um inferno. Quando ia ao meu quarto encontrava pessoas deitadas na minha cama, dormindo embriagadas. O pior de tudo isso é que no final da festa, depois que todos tinham retornado às suas casas, meu pai, muito bêbado, ficava igual um demônio, em casa, criando confusão e quebrando tudo. Isso fez com que eu odiasse cada sexta-feira, sábado e domingo. Não suportava quando estes dias se aproximavam, porque sabia como o meu pai ficaria  e o que eu, meus irmãos e minha mãe deveríamos passar e sofrer com ele.

Eu cresci nesse clima, suportando esse grande defeito e problema com o meu pai, e confesso, que algumas vezes estava criando dentro de mim uma revolta. Foi nesse período, que comecei a me preparar para fazer a primeira comunhão com meus irmãos. Deus,veio com a sua graça, abrandar o meu coraçào e conceder-me novas forças para suportar as provas da vida.

Que todas as almas vos glorifiquem Senhor, que todos possam conhecer as vossas maravilhas e os vossos feitos realizados no Amazonas. Que todos os homens saibam que o Senhor, nos nossos dias, age e está presente em nossas vidas com o vosso auxílio Divino […] Deus ama a todos. Não existe diante dele nem melhor nem pior. Todos somos seus filhos. O seu amor está destinado àqueles que realmente o desejam e o procuram com o coração. A sua misericórdia está jorrando poderosamente no mundo, porque ele não deseja a morte do pecador, mas que ele viva e se salve.

Nossa mãe nos ensinava a rezar o rosário, desde pequenos. Recordo-me que quando estávamos a sós com ela, em casa, quando nosso pai ia trabalhar, ela ficava nos explicando sobre Jesus e Nossa Senhora. Muitas vezes ela nos falava dos sonhos que teve com a Virgem e o que ela lhe dizia.

Um dia ela comprou uma estampa do Coração de Jesus e do Coração Imaculado de Maria. Ela pensava colocá-los na moldura, para fazer um quadro, mas não tinha dinheiro. Então, para que nós não destruíssemos as estampas, porque éramos pequenos, ela as guardava no guarda-roupa, num local seguro.

Uma vez, quando minha mãe teve que sair, para fazer compras, e estava eu e meus irmãos em casa sozinhos, fomos até o guarda-roupa ver as estampas. Eu me recordo bem desse dia: de Glayse abrindo as estampas de Jesus e de Nossa Senhora. O que me chamou a atenção foi os seus Corações Santíssimos. Parecia que Nossa Senhora e Jesus com os seus olhos me fitavam profundamente e senti uma grande emoção. Perguntei-lhes porque o Coração de Jesus estava cheio de espinhos, e Glayse e Sebastião me diziam: A mamãe falou que são os pecados do mundo!…

Ela tinha também na parede de casa um pequeno quadro de Nossa Senhora, que meu pai tinha trazido de viagem, quando foi a São Paulo. E ficava sempre olhando para Nossa Senhora com os anjinhos debaixo dos seus pés. Tudo isso ficou gravado em minha memória, como se Deus quisesse dizer-me algo, assim, o meu amor por Jesus e por Maria foi sendo cultivado e aprofundado cada vez mais.

Quando eu tinha nove anos, escutei alguém batendo ao portão de casa. Dirigi-me para fora de casa para ver quem era: um homem idoso, com barba branca, que usava uma veste longa da cor marrom e um cordão branco na cintura. Ele perguntava por minha mãe. Fiquei assustado e fui correndo chamar a minha mãe, dizendo-lhe: Mãe, tem um velho, vestido com uma roupa estranha marrom no portão de casa, chamando pela senhora!…Vem ver mãe, eu não sei quem é ele!…Eu dizia-lhe isso porque estava com medo do homem. Minhã foi ver quem era e reconheceu que era o antigo Frade Frei Roberto, de Amaturá, onde ela morou, que tinha ido visitá-la, para saber como ela estava. Eu me lembro que nesse dia, ele repreendeu-a por ela estar mal vestida dizendo-lhe: Eu quero falar com a Dona Maria do Carmo!..Minha mãe lhe respondeu: Sou eu!…Ele continuou dizendo: Eu quero falar com a Dona Maria do Carmo!…Minha mãe novamente lhe respondeu: Sou eu mesma, padre!..Ele repetiu-lhe pela terceira vez: Eu quero falar com a Dona Maria do Carmo!…Minha mãe, entendeu que ele a repreendia por estar mal vestida e que a Dona Maria do Carmo com quem ele queria conversar era aquela que ele tinha ensinado a estar bem-vestida, com modéstia, diante de Deus. Minha mãe, envergonhada, lhe disse: Um minuto, por favor! – Ela entrou e foi trocar a sua veste e voltou com uma roupa mais composta, que lhe cobria o corpo dignamente. Frei Roberto então lhe disse: Agora, sim, eu estou falando com a Dona Maria do Carmo! – … Mas ele não entrou em casa. Ele ficou no portão, com um pé dentro de casa e outro fora. Ele não entrava na casa de pessoas que vivam amigadas, e naquele tempo minha mãe ainda não era casada com meu pai. Eles viviam juntos, quando nascemos. Essa visita do Frei Roberto trouxe a graça de Deus para o nosso lar, porque meses depois, no dia 08 de setembro de 1979, meus pais se casaram na Igreja, em Itapiranga, no dia da Festa de Nossa Senhora de Nazaré.

Eu, para estragar a festa fiquei doente de pneumonia e na hora da minha mãe cortar o bolo, desmaiei e passei mal. Meus pais voltaram às pressas a Manaus, para levar-me ao médico, porque naquele tempo só podíamos ir a Itapiranga de barco, porque ainda não existia a Estrada da Várzea.

Num final de semana, os meus tios estavam em casa com todas aquelas pessoas estranhas. Isto acontecia sempre aos domingos. Quando eu me encontrava na parte de frente de casa, estava ali um filho de uma destas pessoas. Ele me encarava de um modo não muito amigável. O demônio sempre usava alguém para me perturbar e ser contra mim. Eu vi que tinha uma tampa de metal, de uma lata, caída ao chão e pensei ajuntá-la para jogá-la no lixo, pois era um tipo de tampa que cortava, se alguém não fosse atento. Quando estava ajuntando a tampa e os meus dedos estavam, que precisamente, debaixo dela, esse menino, por malvadeza, pisou-a com muita força, cortando o meu dedo, fazendo-o sangrar muito. Foi uma dor terrível sentindo a minha carne ser cortada. O corte foi profundo e quando corri para lavar a minha mão, o meu pai viu que eu tinha me cortado, e sem saber o motivo brigou comigo, ficando chateado, dizendo-me que eu só causava problemas. Fiquei muito triste, porque ele não deixou que eu lhe explicasse o verdadeiro motivo do golpe, indo embora logo em seguida.

 

2. SONHOS COM O TERRÍVEL HOMEM

 

O demônio apareceu algumas vezes nos meus sonhos, para me aterrorizar. Sempre ele aparecia na forma de um homem, parecido com um frade franciscano, com olhos vermelhos e barbado. Ele, cheio de ódio me perseguia, correndo atrás de mim, querendo me matar e me destruir. Tive quatro sonhos assim. Naquele tempo, quando eu era criança, ficava pensando o porquê de ter esses sonhos horríveis, com esse homem malvado.

Como não entendia nada, quando eu via um frade capuchinho, me recordava dos meus sonhos e fugia deles, com medo. Se eu via um frade caminhando na mesma calçada, numa rua, pelo centro da cidade, eu atravessa para o outro lado, ficando bem distante dele.

Só mais tarde, compreendi que ele tentava me afastar da Igreja de São Sebastião, que fica no centro de Manaus, porque ali encontrei a graça de Deus.

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3. MINHA JUVENTUDE

 

Quando eu tinha 11 anos de idade estudava num Colégio do Governo, um pouco mais distante de casa, e todos os dias tinha que caminhar a pé para chegar até ele. Meus irmãos Emerson e Sebastião estudavam num colégio mais próximo de casa. Eu não entendia, porque eles tinham que estudar próximo de casa e eu tão longe. Sabia que um dos motivos era pelo meu irmão Sebastião, para facilitar-lhe o caminhar até a escola, devido à paralisia e à distância de casa. Então, pedia ao meu pai para estudar próximo deles, mas meu pai não gostava de ouvir o que lhe pedia e me disse que estudaria ali e ponto final.

Quando estudei nessa escola, os meus amigos de classe eram terríveis. Sofri muito com eles: nunca tinha visto pessoas tão rebeldes e alguns, quando me viam sentiam aversão à minha pessoa e faziam todo o possível para me perturbar e afligir. Isso durou os dois anos em que eu estudei ali. O demônio os usou como pôde para me fazer distanciar da graça divina, mas Deus me fazia sentir no meu coração que deveria rezar por eles, mas muitas vezes eu deixei de rezar, porque eu perdia a paciência com eles e me enraivecia.

Procurava estudar e aprender, mas tudo para mim era difícil, especialmente a matéria de matemática. Quando meu pai via as minhas notas sempre gritava comigo e me chamava a atenção dizendo: Você não estuda! Não vai ser nada na vida e vai ficar ai sendo burro!…O meu pai dizia isso, porque pensava que eu não estudava, mas eu procurava fazer todo o possível para entender, mas não conseguia e até hoje nunca consegui entender matemática. Minha mãe procurava amenizar esses diálogos com meu pai, dizendo-lhe que até ela não sabia matemática e estava viva. Eu sabia que ela estava tentando ajudar-me e me compreendia melhor do que ele.

Eu me lembro que um dia eu disse ao meu pai: Eu queria tanto aprender uma língua estrangeira. Por que o senhor não me coloca num curso de Inglês?… Meu pai dizia que me colocaria, mas nunca fez o que eu lhe pedi. Ele dizia que o curso custava caro, mas depois passava horas e horas gastando o dinheiro com bebidas e muitas vezes, por dias seguidos, e isso muito me magoava. Foi a Virgem Santíssima mais tarde que me ajudou a conhecer a língua italiana, quando tive que ir a Itália, no tempo determinado por Deus.

Como toda família católica, que ainda não tinha uma base cristã forte, nos deixávamos levar pelas coisas do mundo. Tinham dias que rezávamos mais assiduamente o santo terço unidos; outros, nem nos lembrávamos de rezá-lo, porque o demônio usava as pessoas, a diversão para nos afastar da oração.

Numa noite, pelas 03h, meu pai fez com que eu, meus irmãos e minha mãe corrêssemos para fora de casa. Eu e meus irmãos nos levantamos da cama apressadamente para ajudar nossa mãe, pois ele estava verdadeiramente atacado pelo demônio e enraivecido, por causa do alcool. Esta foi a pior noite, pois nunca tínhamos saído de casa, das vezes anteriores.

Passamos por estes problemas com ele, mesmo depois quando a Virgem se manifestou em casa. Foi ela quem me ajudou a ter paciência com ele e amá-lo. Quando ele chegou uma vez em casa embriagado, quando tinha muitas pessoas em casa, já perto da hora da aparição, fiquei chateado. Quando Nossa Senhora chegou, ela, sabendo do que estava ocorrendo, cheia de amor e paciência se aproximou de mim, e inclinando-se e olhando nos meus olhos me disse: Não fique chateado nem magoado com seu pai. Chegue até ele e com toda a força do teu coração diga que o ama. É assim que você irá convertê-lo e mudá-lo: com amor!… Essas palavras da Mãe Santíssima encheram o meu coração de um grande amor pelo meu pai e pedi a Deus, com toda a força do meu coração, a graça e a coragem de dizer ao meu pai que o amava verdadeiramente. Daquele dia em diante, tudo mudou na minha vida, e passei a olhar para o meu pai com o coração cheio de amor e aprendi a amá-lo cada vez mais, como Deus deseja que amemos aos nossos pais, mesmo com os defeitos dele. Olhava para ele e via a presença de Deus Pai, de São José e assim como Jesus, procurava obedecê-lo e amá-lo, como também transmitir toda a graça e benção que eu recebi dos três Sagrados Corações.

Quando meu pai chegava em casa, bêbado, pela madrugada, meus irmãos não tinham a coragem de ir conversar com ele. Eles ficavam em seus quartos, em silêncio. Era eu quem ficava conversando com meu pai, acalmando-o e dando-lhe de comer, até ele se cansar e dormir. Eu o levava até a cama e me deitava ao seu lado, conversando com ele. Eu mandava minha mãe ir dormir no outro quarto com o Emerson e ficava somente eu e meu pai sozinhos. Meu pai queria a minha mãe perto dele e eu lhe dizia que ela estava cansada e que precisava descansar, que eu cuidaria dele. Muitas vezes era difícil fazê-lo dormir outras vezes ele dormia rápido.

Meu pai deixou de beber somente mais tarde, depois que ele passou por algumas provas em família, que lhe fizeram repensar sobre os seus atos.

Chegou o dia que voltamos a rezar mais ainda. Nossa mãe nos chamava para rezarmos o rosário. Ela tinha ido ao centro da cidade comprar um novo rosário e juntos o rezávamos. Naquele tempo, usávamos só um rosário. Nele toda a família rezava unida. Glayse tinha o seu rosário, do tempo da sua primeira comunhão, mas eu e meus irmãos não tínhamos o nosso. Mas nem por isso deixamos de rezá-lo. Nossa mãe nos dava o rosário quando tínhamos que rezar as dezenas, enquanto alguns deveriam ler os mistérios, e assim, rezávamos em família. Muitas vezes, na Bíblia grande que tínhamos em casa, que meu pai tinha comprado, numa das páginas, tinha o rosário desenhado e íamos contando as bolinhas, colocando o nosso dedo em cima, para contar as Aves Marias. Esse nosso gesto e esforço em rezar o rosário desta forma, atraiu o olhar do céu sobre nossa família e Nossa Senhora nunca se esqueceu disso.

Fomos crescendo e ficando relaxados em rezar e veio-nos a preguiça de irmos a Igreja, para a Santa Missa. Quase não íamos, eu e meus irmãos. Para eu fazer a crisma foi uma luta. Não queria ir aos encontros da Paróquia e faltava, indo para outro lugar. Minha mãe me fez passar vergonha levando-me ao encontro, já perto de ser crismado e o catequista aceitou que poderia receber o sacramento se não faltasse nunca mais os encontros. Eu vi que os outros jovens ficaram chateados, porque eles se empenharam durante todo o ano e eu, folgado, estava ali para participar de alguns encontros facilmente e depois ser crismado.

Mas Deus, permitiu isso, porque depois pediria muito de mim, para cumprir as suas ordens e a cruz que carregaria logo em seguida, seria muito grande. Chegou o dia da minha crisma e recebi o sacramento, contentando mais a minha mãe, do que compreendendo a sua realidade e importância.

Passaram-se os dias e eu estava me deixando levar pelas diversões e festas. Meus amigos vinham em casa para me chamar a ir com eles nas discotecas. Eu gostava muito de dançar. Quando chegava o domingo, a hora de ir a Missa, em vez de ir à Igreja ia com meus amigos dançar, num local, que ficava no centro de Manaus.

Assim estava a minha vida. Estava me levando pelo divertimento e pelos vícios. Eu nunca usei drogas. Ia porque queria dançar mesmo, me divertir e conhecer pessoas. Mas sentia sempre um vazio, não me sentia feliz nem em paz. Algo faltava na minha vida e sempre, depois, ficava triste. Não compreendia que tudo isso era porque estava me distanciando de Deus e da Igreja, desagradando o seu Coração Divino.

 

4. MEUS SOFRIMENTOS

 

Quando estava me atolando no mundo e vivendo longe de Deus, passaram-se alguns anos, até chegar o ano de 1989, quando Deus fez o seu chamado forte na minha vida. Isto aconteceu quando o meu irmão Quirino faleceu. Relato um pouco os meus primeiros contatos que tive com Jesus e com a Virgem, ocorridos por meio de sonhos, e que muito me impressionaram.

 Estes sonhos começaram mais fortemente, logo após a morte do meu irmão. Recordo-me que antes da sua morte, o Senhor havia-me dado um sinal, em sonho, de que o chamaria para si.

 Sonhei que me encontrava num lugar muito bonito e claro, cheio de crianças com vestes brancas. Deste lugar, no alto, via o local onde eu moro: o meu bairro e a minha casa, mas eu não podia mais estar ali com minha família, como vivia antes, porque deveria habituar-me aquele novo lugar onde eu estava. O que me maravilhou foi ao ver uma grande luz, muito linda, como se fosse o céu daquele lugar, que se encontrava tão próximo de nós, onde essas crianças subiam e desciam voando, entrando na imensidão desta luz alegres a qualquer momento que desejassem. Logo em seguida eu acordei.

Uma semana depois, no dia 01 de setembro de 1989, pelas 15h, o meu irmão Quirino morreu, devido a um acidente em casa, quando brincava. Eu e meus irmãos éramos muito jovens e não sabíamos o que fazer para socorrê-lo. Foram os vizinhos que nos ajudaram, socorrendo-nos e que o levaram ao hospital imediatamente. Quanta dor eu senti no meu coração e na minha alma, assim como toda a minha família. Nunca pensei que isto pudesse ocorrer tão cedo em minha família. Para mim foi um chamado de atenção de Deus, tão forte, em minha vida, pois estava muito afastado dele e muito rebelde. Percebi que não devia afastar-me dele, que deveria mudar o rumo de minha vida, pois o estava entristecendo e causando-lhe dor, mais do que a dor que eu sentia, pela morte do meu irmão.

Durante esses últimos dias, dessa semana, o meu irmãozinho queria sempre estar ao meu lado e acompanhar-me aonde fosse. Eu o levava comigo ao centro, quando ia fazer compras ou em qualquer lugar. Deus estava fazendo ele se despedir de mim e eu dele. Aqueles dias foram para mim como que 10 anos vividos com meu irmão.

Pela manhã do dia 01 de setembro, ao acordar, quando fui a cozinha tomar o café, ao olhar o meu irmão, percebi que ele estava todo iluminado e muito bonito, com uma beleza fora do normal. Chamei minha irmã Glayse e pedi que ela olhasse o Quirino e me dissesse o que via, naquele momento. Minha irmã me disse, confirmando: Parece que ele tem uma luz ao redor dele e está tão bonito!…Então fiquei pensativo o que aquilo queria me dizer, porque não era somente eu que tinha visto Quirino iluminado e com uma beleza angelical.

Antes de ele falecer, eu fui à última pessoa que conversou com ele. Ele estava tão alegre e como sempre carinhoso. Quando os vizinhos com minha irmã Glayse levaram o meu irmão ao hospital, vi no armário da cozinha, uma estampa de Nossa Senhora do Rosário de Fátima que estava na capa de um livro que pertencia à minha mãe. Chorando muito e com a aflição no coração disse a Nossa Senhora: Se for da vontade de Deus que meu irmão fique bom, ajude-nos!…Mas se for a hora dele partir deste mundo, leve-o com a Senhor e esteja sempre com ele!

Passados alguns minutos, o telefone toca. Era minha irmã, que telefonava do hospital, avisando-nos que Quirino havia falecido. Glayse estava inconsolável, porque era o dia do aniversário dela. Ela ficou arrasada e abalada. Ao escutar as palavras que minha irmã disse: O Quirino morreu! – Uma grande dor encheu meu coração e minha alma. Olhei para a estampa da Virgem e lhes disse: Leve-o com a Senhora!…Cuide do meu irmão. Leve-o a Jesus!...E fui para o quarto de minha mãe em prantos e inconsolável.

 Minha mãe sofreu muito com a morte dele, penso eu, mais do que todos nós de casa. Posso dizer que minha mãe tem uma alma sensível, pura, sem maldade e delicada. Nesse dia de dor, ela não se encontrava em casa, naquele momento. Ela estava no centro de Manaus, com meu pai, fazendo compras para nossa casa. Quando ela chegou em casa, meu irmão já estava morto e estavam trazendo o seu corpo do IML. As pessoas disseram-lhe a notícia bruscamente, sem nenhuma preparação. Isto foi o mais triste, o que lhe causou uma dor imensa e grande aflição. O mais doloroso para minha mãe foi quando ela se encontrava já em casa, ter que receber e ver o corpo de meu irmão entrar pelo portão de casa, no caixão. O meu coração e os de meus irmãos não podiam consolá-la, naquele triste momento. Minha mãe passou horas e horas chorando sobre o corpo do meu irmão. Eu só podia ir ao meu quarto e chorar, mas chorava olhando para a imagem de Nossa Senhora, vestida de branco,  na capa deste livro sobre suas aparições a Fátima aos três pastorzinhos. Foi assim que eu comecei a rezar novamente o terço me aproximando de Deus e de Nossa Senhora, quando eu tinha apenas 16 anos de idade.

 Quando passou uma semana, após este dia doloroso, numa noite, após ter chorado muito pensando no meu irmão, tive o meu primeiro sonho com Nossa Senhora. Ela estava toda vestida de branco, igual à imagem que tinha na capa do livro. Ao seu redor tinha muitas crianças vestidas de branco que a acompanhavam. Ela com a sua mão direita, direcionou-a a uma das crianças, sem olhar para trás, como se a estivesse chamando e do meio destas crianças veio meu irmão Quirino, em sua direção, que segurou a mão direita da Virgem. Ele sorriu para mim, como a dizer-me que estava bem. Ao ver os lindos olhos de Nossa Senhora, compreendi no seu olhar, que ela me dizia, sem movimentar os lábios: Você não me pediu para levar o seu irmão comigo ao céu e cuidar dele? Ele está comigo!…Fiquei muito feliz ao saber disso e o meu coração disparava fortemente, pela emoção. Quirino com a sua mão direta acenou para mim como a me dizer: Adeus!…ou quem sabe: Até breve!…E acordei, sentindo uma grande  de paz e alegria no meu coração e na minha alma. Aquela dor que eu estava sentindo desapareceu. Corri para contar o sonho à minha mãe e aos meus irmãos, que ficaram contentes, mas minha mãe não estava feliz, porque ela desejava tanto ao menos sonhar com Quirino ou ter visto o que eu tinha sonhado. Compreendi que ela ainda estava muito abatida com o ocorrido e rezava pedindo a Deus que a confortasse , como a todos de casa.

Passados alguns dias, ela teve alguns sonhos com meu irmão e nos contava que eram muito reais; que Deus tinha lhe concedido esta graça para confortá-la. Pouco a pouco ela foi encontrando o consolo e a paz para sua alma, cheia de dor e de aflição.

Depois deste meu primeiro sonho coma Virgem e meu irmão, comecei a sentir no meu coração um grande chamado à oração, de união com Deus e com ela. Antes não rezava e não gostava de ir à Igreja, pouco a pouco isto foi mudando. Não foi assim de uma hora para outra, porque muitas vezes sentia aversão e preguiça de ir à Missa aos domingos, principalmente, quando minha mãe nos chamava, acordando-nos bem cedo, pelas 06 da manhã. Isto eu senti e ocorria muitas vezes na minha vida, mesmo depois do sonho com Nossa Senhora. Eu ainda não estava preparado e tocado na alma, com o coração aberto à graça de Deus.

Sentia o chamado divino, mas rejeitava-o ainda, pois prevalecia a minha vontade e não a sua. Eu pensava e dizia a mim mesmo: Quando eu tiver vontade de rezar o farei a meu modo!…Eu ainda não estava vivendo uma boa estrada. Satanás, por sua parte, aproveitava dessa minha fraqueza e ocasião para afastar-me sempre mais do caminho do Senhor, para que não compreendesse o que Deus e a Virgem queriam de mim. Muitas vezes, utilizou-se de meus amigos para que eu encontrasse consolo e alegria, pela dor que eu estava passando, nas diversões como discotecas, cinemas, festas, mas não na oração, unido a Deus. Assim ele desejava prender-me às coisas do mundo, a fim de que aquele sentimento de amor que estava começando a sentir por Jesus e pela Virgem, depois do sonho, fosse destruído. E quase ele conseguiu, se não fosse Deus a dar-me a sua luz e a sua graça, vindo em meu auxílio.